Rifa-se um coração

EDMILSONVIDEOTEXTO TEXTO CITADO POR ALGUNS COMO DE CLARICE LISPCTOR POREM A AUTORIA FOI REINVIDICADA POR RICARDO LABATT

É o silêncio que pesa nas palavras da incerteza
São as inquietações que ressoam nos pensamentos
E é a dúvida que percorre pelas entranhas do meu ser.

Joguei tantas vezes a moeda dos desejos
Que nao percebi o ricochete dela
Voltando sempre para minhas mãos.

E a dúvida percorre...percorre...percorre

Foto: Pedro Rodrigues

Em nosso tango

A dúvida em seu olhar estará presente

E entre um passo e outro

Logo a dúvida irá desaparecer

Quando encontrares os meus.

FOTO: felino.felisberto.net

Existem instantes que nos seguem por toda a eternidade.

E nesses instantes

Falta-me tinta no papel,

pois as minhas palavras hoje não dizem nada.

São poucas, breves e roucas.

E sinto o silêncio, que de tão cheio é,

as palavras se tornam escassas.

Estas ainda aqui?

-Ahhh se essas bordas de pizzas falassem...

- Se elas falassem? Falariam somente de risos e gargalhadas

De fofocas e de venenos destilados também.

Porque se assim não fosse, graça não teria.

Mas ao primeiro golpe da faca

A borda, tão recheada,

Seria destruída,

E logo em seguida aniquilada pelos dentes

Embebidos por um delicioso vinho tinto.

O que restou?

Risos e gargalhadas.

Porque se assim não fosse,

Graça não teria.

Mais um domingo...

E o som da chuva me faz sorrir.

A chuva que cai

As lembranças que se formam

E os sonhos que reacendem.

Ahhhhh que som gostoso

Que visão saborosa

(...)

Agora,

Feche os olhos.

És capaz de sentir

A menina dos olhos atravessados pela chuva

Que fazia piruetas pelas esquinas?

E que suja de tinta

Brincava no jardim

Pulando...pulando..pulando...?

(...)

O ar frio

Percorre a lembrança

E deixa em nós

Exatamente o que somos.

(...)

A menina não mais está suja de tinta.

Mas ainda anda

girando, pulando

brincando e sonhando.

Mesmo que você me de rosas

Sempre me faltará algo.

Porque eu tenho o costume de não pensar

(Quando isso deveria ser feito)

E pensar demais

(quando o melhor é não raciocinar).

Mas seja bem vindo. Fique a vontade

(mas nem tanto)

Tenho segredos que procuro esquecer

A cada amanhecer

E não devo revelá-los tão cedo.

Se quiser: Venha!

O chão está sujo

Assim como minhas mãos

(E meu corpo)

Não diga nada.

Pegue-me em seu colo

Para sempre

Até o final desta noite.

Pintura: Andreas Koller

Que acontecerá
Se um dia, o pó enterrado

Se recompuser

E através do brilho do sol

E da terra molhada de chuva

Em um orvalho aparecer.

E das profundezas da terra

Desabrochar uma flor

Será ela ainda capaz de encantar

E enamorar outra vez?

O tempo deixa marcas

E eu colho as lembranças

O amanhã chega

E eu colho cores.

A primavera instala

E eu colho amor.

A você,
Sinta-se à vontade para ir embora
ou chegar mais perto.
Quanto a mim?
Ahhh,
Voarei com os murmúrios e
Calarei os segredos.
Assim o tempo passa.
De grão em grão
Feito ampulheta.

A última vez que se falaram
A cidade cheirava madrugada
Iluminada pelo o amarelo dos postes
E do cheiro da brisa presente.

No dia seguinte, o céu já não era mais azul.
O sol já não brilhava.
E ela chorou.
Pois as chuvas de domingo transformaram-se em tempestades
Que perpetuaram pelos dias seguintes.

Ele veio ligeiro e fugaz.
Deixando apenas algumas estrelas cadentes
Para contemplar pedidos
E o cheiro da terra molhada para deixar saudades.

Não desapareça!
Se foi o seu sorriso
que inventou a chuva em azul
das tardes frias e que jamais
poderão sumir.

.

Venha!
Pegue em minha mão.
É que tenho
tantas histórias para te contar.
cantigas para cantar
e sonhos para realizar.
.
Mas se tudo isso não for possível.
Deixe-me!
Quem sabe assim
outro alguém despertará
o azul adormecido
escondido nos olhos meus.

Cai a chuva
e o meu corpo padece.
As tardes cinzentas possuem,
além de lágrimas derramadas,
um sorriso certo para me convencer
que antes do amanhecer
sentirei seus beijos
num frenético balé
de corpos entrelaçados.

foto de Tuck Tuck

Me devoras com seu olhar

e aquilo que ainda resta

deve ser dissipado.

Disfarcei minhas fraquezas

com conversas intermináveis

num espetáculo barato.

onde fomos o prólogo

estrangulados pelos nossos próprios Atos.

Em meu jardim,

plantarei cores para você colher sorrisos,

em seguida choverei sonhos

para você germinar amor

e assim

sobreviverão em ti

todas as inquietações que brotam dentro de mim.

Imagem: Liricos Olhares

Assim eram os entardeceres de nós dois.
Girava cores de alegria
de brincadeira
de saltos
de sorriso
e de sorrisos...

Doces sobre a meia luz.
Beijos inconseqüentes conscientes
As horas eram poucas
Mas o suficiente para despertar o azul
Azul que não cabe mais nos pés das montanhas
Nem no luar do coração

Muito menos na serenidade do juizo.

Estou de volta .

Férias!

Estou tirando férias do blog por tempo indeterminado!

...até a próxima inspiração.

Falando Sério (Composição: Mauricio Duboc - Carlos Colla)

Falando sério

É bem melhor você parar com essas coisas

De olhar pra mim com olhos de promessas

Depois sorrir como quem nada quer

Você não sabe

Mas é que eu tenho cicatrizes que a vida fez

E tenho medo de fazer planos

De tentar e sofrer outra vez

Falando sério

Eu não queria ter você por um programa

E apenas ser mais uma em sua cama

Por uma noite apenas e nada mais

Falando sério

Entre nós dois tinha que haver mais sentimento

Não quero seu amor por um momento

E ter a vida inteira pra me arrepender

...

Juro que já tentei

Mas novamente me esbarro nas dúvidas.

Dúvidas que me assustam.

Das mentiras contadas com os olhos da verdade

E das verdades mais mentirosas que ouvi

Talvez o final poderia ter sido outro e o erro evitado.

Falsas promessas é a pior forma de traição.

Será que algum dia entenderei

A falsa felicidade que um dia me apresentaste?

NOITES CARIOCAS

Composição: Hermínio Bello de Carvalho e Jacob do Bandolim

Sei que ao meu coração, só lhe resta escolher

Os caminhos que a dor sutilmente traçou

Para me aprisionar.

Nem me cabe sonhar com o que definhou

Vou me repreender prá não mais me envolver

Nessas tramas de amor

Eu bem sei que nós dois somos bem desiguais

Para que martelar, insistir, reprisar, tanto faz, tanto fez

Eu por mim desisti

Me cansei e fugi

Eu por mim decretei, que fali, e daí eu jurei para mim

Não botar nunca mais minhas mãos pelos pés

(...)

Sei que mais cedo ou mais tarde eu vou ter que expulsar

Todo o mal que você me rogou, custe o que custar

Vou desanuviar toda dor que você me causou

Eu vou redimir, e existir.

Mas sem ter que ouvir as mentiras mais loucas

Que alguém já pregou nesse mundo prá mim

(...)

Sei que mais cedo ou mais tarde vai ter um covarde pedindo perdão

Mas sei, também, que o meu coração não vai querer se curvar só de humilhação.

Novamente a madrugada chega, e recolho-me em meu quarto tentando novamente fugir do mundo. O computador, os livros, tudo passa ser meu escudo, e o silêncio me faz companhia a solidão desmedida. Solidão que cresce a cada dia e não consigo carregá-la de tanta dor. Essa solidão dói, não pelo silêncio que se faz presente, mas sim pela ausência.

Já é de manhã, a solidão ainda está aqui. Junto com ela as recordações. Junto também a dor.

Feliz Ano Novo pra você também